CONTEÚDO PRODUZIDO PARA 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
Tema
da aula: filosofia e literatura:
aproximações e distanciamentos
Objetivo
da aula: refletir sobre pensar a distinção e a aproximação entre o
discurso filosófico e a literatura
Habilidades
trabalhadas:
- Relacionar informações, representadas de formas variadas, com conhecimentos disponíveis em diferentes situações, para construir argumentação consistente;
- Comparar discurso filosófico e discurso literário;
- Aprofundar compreensão sobre o que é filosofia em comparação com a literatura;
- Ler, compreender e interpretar textos teóricos e filosóficos;
- Expressar-se de modo sistemático;
- Elaborar hipóteses e questões sobre leituras e debates realizados.
CONCEITUANDO
Filosofia e literatura: aproximações e distanciamentos
A Literatura talvez seja o discurso que menos se distanciou do
discurso filosófico, uma vez que poetas, romancistas e cronistas tratam de
questões filosóficas como a finalidade da existência humana e de dramas éticos.
Das relações entre Filosofia e Literatura podemos considerar que,
por vezes a produção literária empenha-se na reflexão filosófica e, por vezes a
reflexão filosófica é apresentada na produção literária. Essa aproximação é notada no caso dos
filósofos que escolheram a Literatura para abordar sua filosofia. Jean-Paul
Sartre (1905-1980) é um deles. Escreveu romances como A náusea
(1938), ou sua trilogia de romances: A idade da razão (1945), Sursis
(1947) e Com a morte na alma (1949). Outro filósofo que escolheu a
Literatura para expor seu pensamento educacional foi Jean-Jacques Rousseau (1712-1778),
em sua obra ficcional Emílio ou da Educação (1762).
Há ainda, casos em que filósofos buscam na literatura elementos,
matéria para a reflexão filosófica, pois a literatura, por vezes ilustra
conceitos filosóficos. Voltaire, no “dicionário filosófico”, procura
refletir sobre questões da vida comum trazendo uma linguagem pedagógica
acessível. O verbete “amor-próprio”, por exemplo, tem o sentido de mostrar a
dificuldade de definir elementos da subjetividade.
Um mendigo dos arredores de Madri esmolava nobremente. Disse-lhe um transeunte:
— O sr. não tem vergonha de se dedicar a mister tão infame, quando podia trabalhar?
— Senhor, – respondeu o pedinte – estou lhe pedindo dinheiro e não conselhos. – E com toda a dignidade castelhana virou-lhe as costas.
Era um mendigo soberbo. Um nada lhe feria a vaidade. Pedia esmola por amor de si mesmo, e por amor de si mesmo não suportava reprimendas.
Viajando pela Índia, topou um missionário com um faquir carregado de cadeias, nu como um macaco, deitado sobre o ventre e deixando-se chicotear em resgate dos pecados de seus patrícios hindus, que lhe davam algumas moedas do país.
— Que renúncia de si próprio! – dizia um dos espectadores.
— Renúncia de mim próprio? – retorquiu o faquir. – Ficai sabendo que não me deixo açoitar neste mundo senão para vos retribuir no outro. Quando fordes cavalo e eu cavaleiro.
Tiveram pois plena razão os que disseram ser o amor de nós mesmos a base de todos as nossas ações – na Índia, na Espanha como em toda a terra habitável.
Supérfluo é provar aos homens que têm rosto. Supérfluo também seria demonstrar-lhes possuírem amor próprio. O amor próprio é o instrumento da nossa conservação. Assemelha-se ao instrumento da perpetuação da espécie. Necessitamo-lo. É-nos caro. Deleita-nos – E cumpre ocultá-lo.
VOLTAIRE. Dicionário filosófico
Sobre isso afirma Jorge Molina: Queremos aqui caracterizar aquelas produções textuais que classificamos como textos de Filosofia. Num romance, como Madame Bovary, os personagens são seres humanos, reais ou fictícios, como Ema Bovary, Monsieur Homais, o Doctor Bovary etc. No texto filosófico, os personagens são as teses defendidas. Essas teses estão apoiadas sobre argumentos.
Platão
considerava que a poesia busca comover e que a Filosofia procura a
verdade. Aristóteles considerava o
discurso poético como aquele que representa coisas fictícias como possíveis,
enquanto a Filosofia é um discurso que expressa o que é, da forma que é.
Podemos resumir as concepções anteriores da seguinte forma:
FILOSOFIA E LITERATURA |
|
Aproximações |
Diferenças |
Filosofia e Literatura abordam temas em comum; a Literatura problematiza situações do cotidiano eprovoca reflexão, assim como a Filosofia |
Literatura: busca suscitar em nós emoções; tem um caráter fictício; representa situações universais (o universal) sob a forma de um conjunto de representações individuais. |
APROFUNDAMENTO
Vídeo: A arte é o único prazer livre do ser humano - e agora?
Sinopse:
A arte a partir do pensamento Kanteano, tendo como complemento o pensamento
Schiller. De um modo muito simples, foram apresentadas três dimensões do
humano: o conhecer, o querer e o sentir. Conhecer e querer dependem do mundo,
estão em causalidade com o mundo, por isso encontram limites. Já o sentir, a
faculdade de sentir, por não dizer respeito ao mundo, mas apenas ao humano, ela
não encontra limites. É a faculdade de sentir que é elevada em sua máxima
potência na arte, que tem como função, segundo Schiller, sofisticar humano e
elevá-lo.
DICAS CULTURAIS
Livro: O
mundo de Sofia
Autor: Jostein
Gaarder
Editora: Companhia das Letras
Descrição: O livro é um romance e um guia básico de Filosofia, unindo os dois universos em um só. Às vésperas de seu aniversário de quinze anos, Sofia Amundsen começa a receber bilhetes e cartões-postais bastante estranhos. Os bilhetes são anônimos e perguntam a Sofia quem é ela e de onde vem o mundo. Os postais são enviados do Líbano, por um major desconhecido, para uma certa Hilde Moller Knag, garota a quem Sofia também não conhece. O mistério dos bilhetes e dos postais é o ponto de partida deste romance fascinante, que vem conquistando milhões de leitores em todos os países e já vendeu mais de 1 milhão de exemplares só no Brasil. De capítulo em capítulo, de “lição” em “lição”, o leitor é convidado a percorrer toda a história da filosofia ocidental, ao mesmo tempo que se vê envolvido por um thriller que toma um rumo surpreendente.
ATIVIDADES
1. Indique qual fragmento é da tradição filosófica e qual se refere a um fragmento literário (valor:0-8)
a. “(...) vai entender. Os fatos explicarão melhor os sentimentos: os fatos são tudo. A melhor definição do amor vale um beijo de moça namorada.”
o Texto filosófico
o Texto literário
b. Todos os objetos da razão ou da investigação humanas podem divulgar-se naturalmente em dois gêneros a saber: relação de ideias e de fatos.
o Texto filosófico
o Texto literário
c. Conhecer uma realidade é, no sentido usual da palavra “conhecer”, tomar conceitos já feitos, dosá-los, e combiná-los em conjunto até que se encontre um equivalente prático do real.
o Texto filosófico
o Texto literário
d. Assim, por uma ironia da sorte, os bens do coronel vinham a minha mão. Cogitei em recuperar a esperança. Parecia-me odioso receber um vintém do tal espólio”
o Texto filosófico
o Texto literário
2. Leia o texto e classifique as frases posteriores como sendo da Filosofia ou Literatura (valor:0-2):
A Filosofia e Literatura são dois caminhos que levam à educação de um indivíduo, que provocam o desenvolvimento do pensamento racional e crítico de uma situação, que envolvem histórias do cotidiano do homem, fazendo com este seja parte integral de seu estudo. Tanto a filosofia quanto a literatura não entregam respostas prontas, mas permitem a interpretação daquilo que de fato querem dizer.
a. O principal objetivo é expressar conceitos, ideias.
o Filosofia
o Literatura
b. Sua narrativa tem por objetivo contar uma história.
o Filosofia
o Literatura
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