A Filosofia, as relações de gênero e a educação

 Temas da aula:

  • A filosofia e as relações de gênero (filosofia, política e ética: homens e mulheres);
  • Filosofia e educação (filosofia, política e ética: filosofia e educação)

Objetivo da aula: discutir as diferenças sociais entre homens e mulheres e atualizar o debate acerca das questões de gênero

Habilidades trabalhadas:

  • Identificar e criticar práticas de humilhação social;
  • Construir argumentação crítica sobre as práticas sociais de discriminação e preconceitos;
  • Analisar a condição de seres humanos a partir da reflexão filosófica sobre diferenças e igualdades entre homens e mulheres.
  • Expressar por escrito e oralmente a relevância da educação para a superação de preconceitos e desigualdades sociais.


CONCEITUANDO

A Filosofia e as relações de gênero

Quando pensamos em desigualdades, pensamos nas minorias e nos momentos de discriminação que passam. Mas você sabe o que são as minorias?

Minorias são grupos marginalizados por uma sociedade. Com essa definição parece até que para viver no mundo de forma digna precisamos atender a certos critérios, que infelizmente não depende apenas de nossos esforços.

Não podemos mudar nosso gênero, cor da pele, idade, estatura etc. Se não podemos mudar nossa condição natural resta-nos tentar mudar as políticas públicas e conscientizar as pessoas, afinal todos somos responsáveis pelo mundo. Então vamos tentar entender melhor uma dessas minorias, para tentar ajudá-la?

Leia as seguintes frases:

  •   As mulheres feministas querem ser melhores que os homens!
  • Elas querem mandar nos homens!
  • Elas não se depilam e são feias!

Todas essas frases são exemplos de manifestação de preconceito, que fortalecem a interpretação equivocada do que é feminismo. A confusão só aumenta quando as distorções que fortalecem o preconceito são reproduzidas. Vamos acabar com os preconceitos com informação!


FEMINISMO

FEMISMO

MACHISMO

Doutrina que preconiza o aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade.

Ideologia que prega a superioridade do gênero feminino sobre o masculino.

Comportamento expresso por opiniões e atitudes de um indivíduo que recusa a igualdade de direitos e deveres entre gêneros sexuais, favorecendo o gênero masculino.


Os filósofos e a relação entre os gêneros

Mesmo dentre os filósofos consagrados podemos notar uma postura excludente no que se refere ao gênero feminino. Para Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e Immanuel Kant (1724-1804) o livre desenvolvimento e a autonomia tinham sentido apenas para os homens e não para as mulheres. Destaco que a posição desses filósofos não tira o valor de suas obras.

Na mesma época de Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant foi escrita a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, redigida pela jornalista e historiadora feminista 0lympe de Gouges (1748-1793) em resposta à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Gouges defendia a ação política que garantisse liberdade para todos e, portanto, defendia a libertação das mulheres e dos escravos das colônias francesas. Por conta de suas ideias, ela morreu guilhotinada.


 


Mulher, desperta. A força da razão se faz escutar em todo o universo. Reconhece teus direitos. 0 poderoso império da natureza não está mais envolto de preconceitos, de fanatismos, de superstições e de mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da ignorância e da usurpação. O homem escravo multiplicou suas forças e teve necessidade de recorrer às tuas, para romper os seus ferros. Tornando-se livre, tornou-se injusto em relação à sua companheira.

GOUGES, Olympe de. Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã (1791).

 

Funções sociais de homens e mulheres


O ensaio filosófico O segundo sexo, de Simone de Beauvoir (1908-1986), publicado em 1949, faz uma análise do papel da mulher na sociedade, negando concepções e estudos que discorrem sobre uma essência feminina. Para a autora, a condição da mulher é uma escolha dos homens apoiada pela submissão das mulheres, que devem assumir a responsabilidade de mudar a situação de submissão, pois são seres livres que apenas por escolha própria ficarão submetidas ao preconceito social. A única libertação possível das mulheres virá da política, isto é, da união das próprias mulheres. Elas precisam reunir-se, reconhecer seus problemas, partilhar ideias; em outras palavras, precisam lutar juntas. Não há como ser diferente, pois não se pode esperar que todos os homens abram mão dos seus privilégios pelas mulheres. Para a filósofa, não se trata de colocar as mulheres contra os homens, mas de colocá-las contra o machismo, contra as situações de opressão.

Mas e hoje em dia...
Vemos cotidianamente as mulheres ocupando os mesmos postos que os homens, podemos pensar que essa condição das mulheres de submissão aos homens já foi superada, pois não faltam evidências que mostram que as mulheres saíram da esfera do lar e da dependência do casamento, por exemplo, para atuar em profissões e postos tradicionalmente ocupados por homens. Contudo, observar as mulheres ocupando os mesmos espaços dos homens não é suficiente para entender as diferenças que ainda permanecem entre homens e mulheres. Certamente, já ouvimos nos noticiários de televisão que as mulheres que exercem as mesmas funções dos homens, em geral, ganham menos; que as mulheres ainda são vítimas de violência doméstica; que as meninas ainda são as mais lembradas quando se trata de aprender a executar trabalhos domésticos. 0u seja, a perspectiva de atrelar as mulheres a condição inferior e ao espaço doméstico ainda persiste.

A educação enquanto agente emancipador
Uma possível saída para esse cenário de preconceitos e discriminação é um processo de educação crítica e emancipadora.  A educação transformadora e emancipatória é aquela em que as escolas, país, docentes, autoridades públicas, profissionais, gestores e a sociedade em geral, primam pela construção de um olhar crítico de crianças e adolescentes.
O processo educativo deve ser responsável por levar os sujeitos envolvidos a perceberem sua importância na vida do outro, pois refletir sobre o preconceito, a exclusão, o respeito, a empatia e a alteridade nos ajudam a desenvolver a responsabilidade em relação ao coletivo.


APROFUNDAMENTO

Vídeo: "O feminismo é para quem gosta de transformações sociais", diz a filósofa Marcia Tiburi

Sinopse: Em entrevista ao Entre o Céu e a Terra, da TV Brasil, a filósofa e professora Marcia Tiburi abordou como ainda vivemos em uma sociedade patriarcal onde as mulheres são constantemente alienadas.


Vídeo: Filme estrelas além do tempo no Fantástico

Sinopse:  O filme 'Estrelas Além do Tempo' traz três amigas talentosas desafiaram o preconceito e entraram para a história ao se tornarem fundamentais para a corrida espacial americana na Guerra Fria.


DICAS CULTURAIS

Filme: Alexandria (Ágora)

Direção: Alejandro Amenábar

Classificação: 16 anos

Sinopse: O filme relata a história de Hipátia, filósofa e professora em Alexandria, no Egito entre os anos 355 e 415 d.C. Única personagem feminina do filme, Hipátia ensina filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria, junto à Biblioteca. Resultante de uma cultura iniciada com Alexandre Magno, passando depois pela dominação romana, Alexandria é agitada por ideais religiosos diversos: o cristianismo, convive de forma tensa com o judaísmo e a cultura greco-romana.

 Filme completo:


Filme: Estrelas além do tempo

Direção: Theodore Melfi

Classificação: Livre

Sinopse: Estrelas além do tempo é a história incrível de Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monae) - brilhantes mulheres afro-americanas que trabalharam na NASA e foram os cérebros por trás de uma das maiores operações da História: o lançamento em órbita do astronauta John Glenn, uma conquista fantástica que restaurou a confiança do país, mudou a Corrida Espacial e galvanizou o mundo. O trio visionário atravessou todas as barreiras de gênero e raça para inspirar gerações para sonhar grande.



ATIVIDADES

1) Leia atentamente o texto para responder à questão:

“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”. A célebre frase que abre o segundo volume de O segundo sexo, de 1949, sintetiza as teses apresentadas por Simone de Beauvoir nas mais de 900 páginas de um estudo fascinante sobre a condição feminina. Beauvoir admite que as diferenças biológicas desempenham algum papel na construção da inferioridade feminina, mas defende que a importância social dada a essas diferenças é muito mais determinante para a opressão. Ser mulher não é nascer com determinado sexo, mas, principalmente, ser classificada de uma forma negativa pela sociedade. É ser educada, desde o nascimento, a ser frágil, passiva, dependente, apagada, delicada, discreta, submissa e invisível.

MIRIAN GOLDENBERG (Adaptado de www1.folha.uol.com.br, 10/03/2019)

De acordo com o texto de Mirian Goldenberg, a abordagem realizada por Simone de Beauvoir valoriza princípios do seguinte tipo:

a) Étnico-raciais

b) Político-religiosos

c) Histórico-culturais

d) Econômico-científicos


2) O ditado popular: “Atrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”, representa:

a) A valorização do papel da mulher

b) A retirada do protagonismo feminino


3) Assinale, a partir dos conhecimentos desenvolvidos pela leitura e discussão dos textos, valores que podem ser considerados de combate ao machismo.

a) Homem não chora.

b) As mulheres são bonitas, mas não são inteligentes.

c) Respeitar a diferença é uma atitude ética e política.

 

4) O que significa ser emancipado?

a) Ser o seu próprio guia, tendo uma postura crítica sobre o mundo.

b) Fazer 18 anos.

c) Obedecer à interpretação que os outros fazem da religião.

d) Seguir os conselhos dos mais velhos.

e) Nunca reclamar e fazer o melhor para manter o mundo como está.

 

5) De quem é a responsabilidade social por construir um modelo educacional emancipador?

a) Dos professores.

b) Dos alunos.

c) De todas as pessoas.

d) Dos empresários.

e) Dos pais.

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