O homem como ser político

CONTEÚDO PRODUZIDO PARA 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
 
Temas da aula: O homem como ser político
Objetivo da aula: Reconhecer, no contexto da tradição filosófica, o homem como um ser político.
Habilidades trabalhadas:

  • Questionar o papel social do Estado e das leis (Habilidade essencial)
  • Reconhecer, no contexto da tradição filosófica, o homem como um ser político

CONCEITUANDO



Aprenda com as tirinhas da Mafalda sobre Política e Cidadania ...
O temo política vem do grego politeía (que, por sua vez deriva de polis, “cidade-Estado”) e designa, desde a Antiguidade, o campo de atividade humana que se refere à cidade, ao Estado, à administração pública e ao conjunto de cidadão. Refere-se, portanto, a uma área específica das relações existentes entre os indivíduos de uma sociedade.
Desse modo, se queremos entender o fenômeno político, devemos começar a estudar as características que o distinguem dos demais fenômenos sociais e analisar as instituições e as práticas das sociedades políticas existentes. Depois podemos presumir sobre a melhor maneira de construir politicamente as sociedades futuras.
Foi a isso que se dedicou parte dos filósofos constituindo o campo de reflexão conhecido como Filosofia Política. Integram a temática básica da Filosofia Política as investigações em torno do poder, do Estado, dos regimes políticos e formas de governo, além das questões sobre a participação dos cidadãos na vida pública e a liberdade política, entre outras. 

A obra Política de Aristóteles é considerada um dos primeiros tratados sistemáticos sobre a arte e a ciência de governar a pólis e, portanto, da filosofia política. Foi devido, em grande medida, a essa obra clássica que o termo política se firmou nas línguas ocidentais.
 Para Aristóteles, a política era uma “continuação” da ética, só que aplicada a vida pública. Assim, depois de refletir, em Ética à Nicômaco, sobre o modo de vida que conduz a felicidade humana, investigou em Política as instituições públicas e as formas de governo capazes de propiciar uma maneira melhor de viver em sociedade. O filósofo considera essa investigação fundamental, pois, para ele, a cidade (a pólis) constitui uma criação natural e o ser humano também é, por natureza, um animal social e político.

O homem não é apenas um animal gregário, como as abelhas, por exemplo, ele é também um animal político. A causa está em sua natureza racional, que o faz distinguir entre o bem e o mal, a justiça e a injustiça. Além disso, o homem é, por natureza, dotado de uma linguagem complexa e, pela palavra, pode compartilhar com os semelhantes as suas concepções acerca do que é bom e justo. Essas características permitem-lhe organizar o Estado (a pólis), como uma unidade política entre os seres iguais.
O homem como animal político (zoom polítikon), seria naturalmente voltado a justiça, ao bem comum e à felicidade. Segundo Aristóteles, essas seriam as razões pelas quais a humanidade fundou o Estado. Do seu ponto de vista, a pólis corresponde a associação de homens livres capaz de garantir-lhe a sobrevivência e a vida digna, ou seja, a vida ética e feliz.  Aristóteles, afirma:

[...] estabelecemos que, por natureza, o homem é um animal político. Os homens têm um desejo natural pela vida em sociedade, até mesmo quando mão sentem dificuldade de pedir ajuda. Todavia o interesse comum os mantém unidos, desde que o interesse de todos contribua para a vida virtuosa de cada um. [...] (ARISTÓTELES. Política)

O conceito grego de política como esfera de realização do bem comum tornou-se um clássico e permanece até os nossos dias, mesmo que seja um ideal a ser alcançado.



APROFUNDAMENTO

Vídeo: A Política de Aristóteles 
Sinopse: Aristóteles foi uns dos maiores filósofos da história. Para Aristóteles, política não é algo como briga de poder, mas o modo de buscar o bem comum e fazer com a sociedade possibilite a todos de serem pessoas melhores.


ATIVIDADES

1. (UEL-PR) “Toda cidade [polis], portanto, existe naturalmente, da mesma forma que as primeiras comunidades; aquela é o estágio final destas, pois a natureza de uma coisa é seu estágio final. [...] Estas considerações deixam claro que a cidade é uma criação natural, e que o homem é por natureza um animal social, e um homem que por natureza, e não por mero acidente, não fizesse parte de cidade alguma, seria desprezível ou estaria acima da humanidade”(ARISTÓTELES. Política. 3. ed. Trad. de Mário da Gama Kuri. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1997. p. 15.)

2. De acordo com o texto de Aristóteles, é correto afirmar que a polis:
a. (  ) É instituída por uma convenção entre os homens.
b. (  ) Existe por natureza e é da natureza humana buscar a vida em sociedade.
c. (  ) Passa a existir por um ato de vontade dos deuses, alheia à vontade humana.
d. (  ) É estabelecida pela vontade arbitrária de um déspota.
e. (  ) É fundada na razão, que estabelece as leis que a ordenam.

3.(UEL-PR) Observe a charge e leia o texto a seguir:
LAERTE. Classificados. São Paulo: Devir, 2001. P 25.
“É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza, que o homem é naturalmente um animal político, destinado a viver em sociedade, e que aquele que, por instinto, e não porque qualquer circunstância o inibe, deixa de fazer parte de uma cidade, é um ser vil ou superior ao homem […].”
(ARISTÓTELES. Política. Trad. de Nestor Silveira Chaves. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. p. 13.)
Com base no texto de Aristóteles e na charge, é correto afirmar:
a.(  ) O texto de Aristóteles confirma a ideia exposta pela charge de que a condição humana de ser político é artificial e um obstáculo à liberdade individual.
b. (  ) A charge apresenta uma interpretação correta do texto de Aristóteles segundo a qual a política é uma atividade nociva à coletividade devendo seus representantes serem afastados do convívio social.
c. (  ) A charge aborda o ponto de vista aristotélico de que a dimensão política do homem independe da convivência com seus semelhantes, uma vez que o homem bastasse a si próprio.
d. (  ) A charge, fazendo alusão à afirmação aristotélica de que o homem é um animal político por natureza, sugere uma crítica a um tipo de político que ignora a coletividade privilegiando interesses particulares e que, por isso, deve ser evitado.
e. (  ) Tanto a charge quanto o texto de Aristóteles apresentam a ideia de que a vida em sociedade degenera o homem, tornando-o um animal.

4. Levando em conta o poema abaixo faça redija uma reflexão crítica sobre a importância da participação política.
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve não fala e não participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro, que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nascem a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.” (BRECHT, Bertolt. O Analfabeto Político)

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