Introdução à Filosofia da Cultura

CONTEÚDO PRODUZIDO PARA 1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
Tema da aula: Introdução à Filosofia da Cultura
Objetivo da aula: Reconhecer a polissemia e a complexidade do conceito de cultura.
Habilidades trabalhadas:

  • Refletir sobre a importância do conceito de alteridade para análise de diferentes culturas (Habilidade essencial);
  • Questionar o conceito de etnocentrismo no contexto da reflexão sobre relações entre diferentes culturas;
  • Discutir a relação entre cultura e natureza.

CONCEITUANDO


Os humanos não têm a força de um leão, nem a agilidade de um jaguar ou mesmo a possibilidade de deslocamento debaixo d’água de um tubarão. Entretanto, unindo nossos esforços e conhecimentos, movemos toneladas de concreto, viajamos de um continente ao outro pelos ares em um avião, dominamos as viagens marítimas e criamos as condições materiais de sobrevivência em um passeio no fundo do mar, pois enquanto os demais animais permanecem mergulhados na natureza, nós somos capazes de transformá-la em cultura.

Cultura é...
... tudo que o ser humano transforma ao produzir sua existência: as práticas, as teorias, as instituições, os valores materiais e espirituais

A cultura define um modo de ver o mundo. Comportamentos, ideias e ações são avaliadas como boas ou ruins, corretas e erradas, bonitas ou feias, úteis ou inúteis, agradáveis ou desagradáveis, morais ou imorais de acordo com a cultura de cada um, pois a ação cultural é coletiva. Assim, tendemos a considerar o modo de vida expresso pela nossa cultura como o mais “correto”.
A cada grupo humano corresponde uma tradição cultural e com as diferenças culturais surge a tendência de algumas delas de se considerarem superiores, essa postura é chamada de etnocentrismo.
...o termo técnico para esta visão das coisas segundo a qual nosso próprio grupo é o centro de todas as coisas e todos os outros grupos são medidos e avaliados em relação a ele [...]. Cada grupo alimenta seu próprio orgulho e vaidade, considera-se superior, exalta suas próprias divindades e olha com desprezo as estrangeiras. Cada grupo pensa que seus costumes (folkways) são os únicos válidos e, se ele observa que outros grupos têm outros costumes, encara-os com desdém.
CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. São Paulo. Educ, 1998. P 46
Dentro da visão etnocentrista podemos observar ainda o determinismo biológico e determinismo geográfico, ambas influenciadas por uma visão distorcida da teoria de Charles Darwin.
O determinismo biológico, foi criado para justificar porque algumas etnias são consideradas superiores às outras, ele foi usado como justificativa para várias situações tenebrosas da história, como por exemplo, o Nazismo, onde Adolf Hitler pregava a superioridade da "raça ariana" sobre as demais. O determinismo biológico é baseado em uma série de estereótipos, como por exemplo: todo asiático tem inteligência acima da média, negros são melhores em esportes e europeus são culturalmente mais elevados.
Friedrich Ratzel (1844-1904) deu o nome de determinismo geográfico, na concepção que crê que o homem seria produto do meio, ou seja, as condições naturais é que determinam a vida em sociedade, assim os seres humanos, raças e etnias mais aptos venceriam e dominariam os povos considerados inferiores. Tais ideais basearam e justificaram teoricamente a dominação dos povos europeus, que se colocaram como uma civilização mais evoluída e desenvolvida, com a missão de dominar os povos inferiores e impor sobre eles a sua cultura e o seu modo de vida. Suas ideias também influenciaram aquilo que mais tarde veio a ser denominado por Nazismo.
Para se opor ao etnocentrismo, Franz Boas (1858-1942) formula a teoria do relativismo cultural. Para ele, cada cultura é singular e por isso digna de tolerância e respeito. Como ampliação da teoria de Boas podemos considerar que cada cultura é digna de alteridade e seus membros de empatia. 
Alteridade é...
...reconhecer o diferente e respeitar aqueles que não vivem a vida como vivemos, que não pensam como pensamos e não querem o que nós queremos.


É preciso reconhecer o valor e a legitimidade de quem é diferente, pois é a existência da diversidade que nos torna únicos.





APROFUNDAMENTO

Vídeo: Aula do CMSP
Título: Identidade e alteridade: a construção do eu a partir da relação com o outro
Sinopse: Aula do Centro de Mídias SP, transmitida no dia 25/06/2020


ATIVIDADES

1. Em quais itens você reconhece a presença da alteridade? (mais de uma alternativa)
a. (  ) Somente com paciência e determinação podemos ensinar a outros povos que a nossa cultura é melhor.
b.  (  ) Sei que o julgamento de cada um é determinado por seus valores pessoais e culturais.
c.  (  ) Aprendi com nossas diferenças que posso crescer.
d.  (  ) Não gosto de pagodeiros.
e. (  ) Homem não chora.
f.  (  ) Para os “estranhos”, o estranho sou eu.
g.  (  ) Não há nada naquele país que me interesse.
h. (  ) Pessoas tatuadas são assustadoras.

2. O que é relativismo cultural? (apenas uma alternativa correta)
a. (  ) Ensinar aos outros que a melhor cultura é a nossa. Dessa maneira, eles aprenderão e aceitarão nossos valores, porque estes são superiores a todos os outros.
b.  (  ) Perceber o que há de bom na cultura dos outros e destruir o que é ruim.
c.  (  ) Olhar as diversas culturas sabendo que também temos nossos valores.
d.  (  ) Ignorar as pessoas que nós não entendemos.
e. (  ) Saber separar, de acordo com nossos valores, o que é ruim ou bom nas outras culturas e aceitar apenas aquilo que valorizamos.

3.  Observe a reflexão de Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592):
 [...] não há nada de bárbaro e selvagem nessa nação, pelo que me foi dito, exceto que todo mundo chama de barbárie o que não é de seu costume, bem como que não temos outro teste da verdade e da razão além do exemplo e da ideia das opiniões e costumes em que estamos. (MONTAIGNE. Ensaios)
De acordo com o texto pode-se afirmar que, para Montaigne (apenas uma alternativa correta):
a. (  ) A ideia de relativismo cultural baseia-se na hipótese de origem única do gênero humano e da sua religião.
b.  (  ) A diferença de costumes não constitui um critério válido para julgar as diferentes sociedades.
c.  (  ) OS indígenas são mais bárbaros do que os europeus, pois não conhecem a virtude cristã da piedade.

4. Observe o trecho de nossa Constituição:
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. (BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil)
É correto afirmar que, no artigo transcrito, a Constituição Federal (apenas uma alternativa correta):
a. (  ) Reconhece a existência da diversidade cultural no Brasil.
b.  (  ) Orienta o processo de padronização cultural.
c.  (  ) Propõe um modelo para apresentação de projetos culturais.
d.  (  ) Impõe restrições para diversas culturas crescerem.  

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