CONTEÚDO PRODUZIDO PARA 3ª
SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
Temas da aula:
- A linguagem e a língua como características que identificam a espécie humana;
- Filosofia e Religião.
Habilidades trabalhadas:
- Refletir sobre a distinção entre linguagem e língua;
- Relacionar pensamento, linguagem e língua;
- Refletir sobre o papel da língua para a produção e preservação de saberes coletivos, bem como para representar o real e imaginar diferentes realidades;
- Relacionar informações, representadas de diferentes formas, e conhecimentos, disponíveis em diferentes situações, para construir argumentação consistente;
- Identificar marcas do discurso filosófico e do discurso mitológico;
- Ler, compreender e interpretar textos teóricos e filosóficos;
- Expressar-se de forma sistemática;
- Elaborar hipóteses e questões a partir das leituras e dos debates realizados;
- Identificar marcas dos discursos filosóficos, mitológico e religioso (habilidade essencial).
CONCEITUANDO
A linguagem e a língua: características da espécie humana
Somos seres fundamentalmente linguísticos, pois é por meio da
linguagem que construímos parte do que somos e o mundo a nossa volta, assim, “Toda
forma de conferir sentido, toda forma de compreensão ou entendimento pertence
ao domínio da linguagem. Não há lugar fora da linguagem a partir do qual
possamos observar nossa existência” (ECHEVERRÍA, Ontologia del lenguaje,
p. 33)
A linguagem é um conjunto de signos, isto é, de sinais que
indicam ou remetem a algo distinto deles, o que faz com que tenham um
significado ou sentido para todo aquele que domine o código.
Um exemplo paradigmático de linguagem são as línguas
e suas respectivas palavras, pois elas remetem a outras coisas
(internas ou externas, psíquicas ou físicas), podendo ter um ou vários
sentidos. E todos nós dominamos ao pelo menos uma língua: nossa língua nativa.
Quando, por exemplo, uma pessoa que conhece o português lê ou
escuta a palavra “árvore”, supõe-se que ela forme em sua mente uma ideia, noção
ou imagem que tem como referência uma coisa ou ser do mundo exterior.
Se o termo é “tristeza”, supõe-se a referência a uma ideia, noção ou imagem de
algo (no caso, uma emoção) que se dá em seu mundo interior.
Há também palavras que designam construções mentais ainda mais
sofisticadas e abstratas, como, “correção”, “certeza”, qualidade. Finalmente,
na gramática de uma língua todas essas palavras são combinadas e articuladas de
inúmeras maneiras (mas conforme certas regras) para formar significados
complexos, tanto em relação ao mundo externo ou interno, como a nenhum deles
(como no caso da ficção ou fantasia).
Agora, quando alguém escuta ou lê um termo e não consegue formar
uma ideia ou relacioná-lo a algo (seja porque nunca o aprendeu, seja porque o
termo remete a algo que a pessoa desconhece e não consegue conceber, ou ainda
pertence a um idioma que ela não domina), essa palavra não tem sentido, não tem
significado para essa pessoa: é como se não fosse nada, assim a língua é uma
construção cultural de uso coletivo e individual.
Há várias teorias sobre a linguagem, mas não há um consenso de sua
origem, mas sabe-se que antes mesmo da adoção do alfabeto, na Grécia antiga, os
poetas
transmitiam oralmente aspectos de sua cultura. A juventude aprendia o que era
piedade, amor, traição, por meio de histórias míticas e épicas, isto é, de
narrações sobre as aventuras e desventuras de seres humanos, heróis e deuses.
Por exemplo: para se tornar sábio o jovem tinha que agir como lhe contavam que
Ulisses agia; para ser corajoso, devia fazer o que lhe diziam que Aquiles fazia
(Ulisses e Aquiles são dois dos personagens dos maiores poemas épicos da
Antiguidade grega, atribuídos a Homero). Desse modo, linguagem e ação estavam
estreitamente ligadas, pois as palavras tinham o poder de construir modelos a
serem atingidos.
A partir do século IX a. C., desenvolveu-se o alfabeto grego (que
tinha como base o fenício), o que facilitou a propagação da linguagem escrita
na Grécia antiga, dando início a uma transformação de grandes consequências. O
relato oral foi perdendo a relevância exclusiva de antes, pois o texto escrito,
que lentamente se difundia falava por si mesmo e para “escutá-lo” não
necessitava mais do orador. Assim, como expressão do domínio da escrita a forma
de pensar das pessoas também foi adotando uma linearidade racional.
Com isso, a linguagem de ação foi dividindo lugar com a linguagem de
ideias, de reflexão. Passou-se a perguntar “O que é a sabedoria?”,
“O que é a coragem?”, sem recorrer mais aos exemplos de personagens míticos e
épicos.
Assim, na tarefa de educar a juventude, os poetas, os declamadores
e os oradores foram sendo substituídos pelos filósofos, preceptores e
professores. A narrativa épica deixou de ser a fonte exclusiva dos exemplos e
modelos, cedendo espaço para os tratados filosóficos e científicos.
ATIVIDADE
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário