A condição animal como ponto inicial no processo de compreensão sobre o homem

CONTEÚDO PRODUZIDO PARA 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
Tema da aula: A condição animal como ponto inicial no processo de compreensão sobre o homem
Objetivo da aula: Reconhecer-se como um ser que possui um corpo e uma mente e como tal tem responsabilidade pela conservação de ambos
Habilidades trabalhadas:

  • Identificar a presença da filosofia no cotidiano (Habilidade Essencial de Filosofia)
  • Inferir informação implícita em textos (história em quadrinhos, letra de música, poema, trecho de romance, resenha, argumentativo) (Habilidade da AAP do 1º bimestre - MP06)

CONCEITUANDO


A condição animal como ponto inicial no processo de compreensão sobre o homem


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Somos nosso corpo
Somos um corpo, somos o nosso corpo, e a Filosofia sempre se esforçou para evidenciar as diferenças entre homens e os demais seres da natureza, mas é importante um esforço reflexivo, típico da Filosofia, para compreendermos o que aproxima os homens dos demais animais.


Condição animal
Resultado de imagem para humano caçandoO olhar atento e reflexivo sobre a nossa condição animal nos remete a um cenário de disputas de alimento, de território, de machos e de fêmeas. Esse mesmo olhar nos remete, portanto, a um traço fundamental do ser humano, que é a possibilidade de destruição de outros seres na luta pela sobrevivência e na luta por poder e bens que, em um primeiro momento, não estão ao seu alcance.


Superioridade humana
Resultado de imagem para ego ecoA Filosofia e as ciências contam com uma vasta literatura que aborda a importância de se distinguir o ser humano dos demais seres da natureza. Já no século XVII, e com mais vigor a partir do século XIX, as ciências se afirmaram como conhecimento capaz de não apenas demonstrar a superioridade humana na natureza, mas de conceber a necessidade de dominar essa mesma natureza, construindo a ideia de que não somos apenas diferentes, mas superiores aos outros seres.
A crença da superioridade humana impulsionou as maravilhas técnicas e científicas que a humanidade edificou. Mas responde também pela ilusão de que somos capazes de intervir e controlar a natureza sem consequências desastrosas para nós mesmos e para todo o planeta.

E OS FILÓSOFOS?
Meditações
E, primeiro, não existe nenhuma dúvida que tudo o que a natureza me ensina contém algo de verdadeiro […].
Ora, não há nada que essa natureza me ensine mais claramente nem mais sensivelmente que o fato de eu ter um corpo que fica indisposto quando sinto dor, que tem necessidade de comer ou de beber quando tenho os sentimentos de fome ou de sede etc. E, portanto, eu não posso absolutamente duvidar que tenha alguma verdade nisso.
A natureza me ensina também por meio desses sentimentos de dor, fome, sede etc. que eu não estou apenas alojado em meu corpo como um comandante em seu navio, mas que, além disso, lhe estou muito intimamente conjugado e tão entrelaçado e misturado que componho um único todo com ele. [...]
Além disso, a natureza me ensina que vários outros corpos existem em volta do meu, alguns dos quais devo seguir e de outros fugir.
DESCARTES, René. Oeuvres philosophiques de Descartes. Adolphe Garnier (Org.). V. 1. Paris: Librairie Classique et Élémentaire de L. Hacuette, 1835. Disponível em: <http://goo.gl/bG4L0F>. Acesso em: 16 out. 2013. Tradução Célia Gambini.

O homem perante a natureza
A primeira coisa que se oferece ao homem ao contemplar-se a si próprio é seu corpo, isto é, certa parcela de matéria que lhe é peculiar. Mas, para compreender o que ela representa e fixá-la dentro de seus justos limites, precisa compará-la a tudo o que se encontra acima ou abaixo dela. Não se atenha, pois, a olhar para os objetos que o cercam, simplesmente, mas contemple a  natureza inteira na sua alta e plena majestade. Considere esta brilhante luz colocada acima dele como uma lâmpada eterna para iluminar o universo, e que a Terra lhe apareça como um ponto na órbita ampla deste astro e maravilhe-se de ver que essa amplitude não passa de um ponto insignificante na rota dos outros astros que se espalham pelo firmamento. E se nossa vista aí se detém, que nossa imaginação não pare; mais rapidamente se cansará ela de conceber, que a natureza de revelar. Todo esse mundo visível é apenas um traço perceptível na amplidão da natureza, que nem sequer nos é dado a conhecer de um modo vago. Por mais que ampliemos as nossas concepções e as projetemos além de espaços imagináveis, concebemos tão somente átomos em comparação com a realidade das coisas. [...]
Afinal que é o homem dentro da natureza? Nada, em relação ao infinito; tudo, em relação ao nada; um ponto intermediário entre o tudo e o nada. Infinitamente incapaz de compreender os extremos, tanto o fim das coisas quanto o seu princípio permanecem ocultos num segredo impenetrável, e é-lhe igualmente impossível ver o nada de onde saiu e o infinito que o envolve.
PASCAL, Blaise. Parte dois. Pensamentos. Tradução Mario Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

Merecem destaque
       a afirmação enfática de que somos um corpo;
       a imagem de que a natureza me ensina que convivo com outros corpos;
       a ideia de que fujo de alguns e de outros me aproximo;
    a ideia de que não vemos, não compreendemos nossos extremos: nem fim, nem princípio;
       a ideia de que somos nada em relação ao infinito, porém somos tudo em relação ao nada.

Diferenças entre autores
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       DESCARTES – traz a visão de conflito do homem consigo mesmo;
       PASCAL - traz a ideia de nossa limitação diante da natureza.

Projeto educacional
Qualquer projeto educacional com vista à preservação da natureza, e com esta à preservação da humanidade, requer conscientização sobre nossos limites e nossas necessidades como seres corpóreos que até o presente momento nada sabem sobre seu início, seu fim e que continuam a destruir-se mutuamente.
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APROFUNDAMENTO

Vídeo: A história das coisas



ATIVIDADES

  1.  Quais são as consequências de termos um corpo humano?
  2. Quais desafios o fato de ter um corpo me traz?
  3. Como a nossa sociedade atual vem resolvendo os desafios impostos pelo fato de sermos um corpo com possibilidades e limites?

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