CONTEÚDO PRODUZIDO PARA 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
Tema da aula: linguagem,
mitologia e filosofia
Habilidade trabalhada:
identificar marcas dos discursos filosóficos, mitológico e religioso
A linguagem e a língua como
características que identificam a espécie humana
• Todos possuímos linguagem (conjunto de signos
que indicam ou remetem a algo distinto deles), porém a língua que falamos pode
variar
• As línguas podem expressar: o mundo exterior e
o mundo interior
• Na gramática de uma língua as palavras são
combinadas conforme certas regras para formar significados
• A língua é uma produção cultural, portanto
coletiva
A linguagem oral e escrita
• Antes da adoção do alfabeto, na Grécia Antiga,
os poetas transmitiam oralmente aspectos de sua cultura
• A juventude aprendia o que era piedade, amor,
traição, por meio de histórias míticas e épicas, isto é, de narrações sobre as
aventuras e desventuras de seres humanos, heróis e deuses
• Linguagem e ação estavam estreitamente
ligadas, pois as palavras tinham o poder de construir modelos a serem
atingidos.
• A partir do século IX a. C., desenvolveu-se o
alfabeto grego e o relato oral foi perdendo a relevância
• Com a linguagem escrita não era mais
necessário o orador
• Com o domínio da escrita a forma de pensar das
pessoas foi adotando uma linearidade racional
• A linguagem de ação foi dividindo lugar com a
linguagem de ideias, de reflexão. Passou-se a perguntar “O que é a sabedoria?”,
“O que é a coragem?”, sem recorrer mais aos exemplos de personagens míticos e
épicos
Filosofia e mitologia
Aproximações
• A Filosofia não surge em contraposição aos
mitos e discursos religiosos, ao contrário, é baseado em temas e preocupações
predominantes no discurso religioso e nos mitos
• Aspectos que são comuns a ambos os discursos:
há uma preocupação dos poetas de apresentar causas e motivos das ações; de
descrever os fatos em uma abrangência que abarca deuses, homens, terra, céu,
guerra, paz, bem e mal; de construir narrativas para ensinar justiça como
virtude fundamental. O mito e alguns discursos religiosos, assim, já
contemplariam a estrutura de apresentação dos fatos e os temas valorizados pela
Filosofia
Distanciamentos
• O discurso mitológico apresenta-se como uma
narrativa marcada por analogias, metáforas e parábolas, ao passo que o discurso
filosófico se manifesta por questionamentos sucessivos a cada afirmação, por
fundamentação e crítica sobre o saber afirmado.
• As religiões, especialmente se tomarmos as
religiões monoteístas, professam verdades cuja base é a fé no divino. A
Filosofia busca significados na ordem do humano a partir de uma reflexão que
deve ser radical, rigorosa e de conjunto (conforme Dermeval Saviani) e, dessa
forma, questionar certezas e verdades.
Atividades
1. Em sua opinião a escrita favoreceu para que
tentássemos explicar o mundo de uma forma diferente? Justifique.
2. Cite algumas semelhanças entre
o discurso filosófico e o discurso mitológico?
3. Qual as diferenças da linguagem mitológica
(linguagem de ação) e a linguagem filosófica (linguagem de ideias)?
4. O filósofo Ludwig Wittgenstein afirmou, na sua
obra Tractatus logico-philosophicus, que os limites da linguagem de uma pessoa
são os limites de seu mundo. Usando o que foi apresentado no texto acima e os
seus conhecimentos comente a frase do filósofo.
Tema da aula: correção do
trabalho sobre linguagem, mitologia e filosofia
Habilidade trabalhada:
identificar marcas dos discursos filosóficos, mitológico e religioso
1. Em sua opinião a escrita favoreceu para que
tentássemos explicar o mundo de uma forma diferente? Justifique.
Resposta incompleta:
• Sim, pois com a escrita nós conseguimos
expressar nossas opiniões,expor nossos pensamentos.
Resposta incorreta
• Sim. explicar o mundo de uma forma de
linguagem oral.
Modelo de resposta correta: Sim,
pois antes da escrita as pessoas aprendiam algo novo e aquilo só ficava
guardado no momento, sem que os povos sucessores conseguissem ter acesso ao que
foi absorvido, com a escrita, as pessoas tinham algum tipo de registro
histórico.
2. Cite algumas semelhanças entre o discurso
filosófico e o discurso mitológico?
Só tratou do discurso
mitológico e não da semelhança deste com o discurso filosófico:
• Há uma preocupação dos poetas de apresentar
causas e motivos das ações, de descrever os fatos em uma abrangência que abarca
deuses, homens, terra, céu, guerra, paz, bem e mal, de construir narrativas
para ensinar justiça como virtude fundamental.
O que foi pedido foi a
semelhanças entre os discursos e não as diferenças:
• O discurso mitológico é criado a partir de
metáforas e analogias. Já o discurso filósofo, parte da reflexão e do
questionamento.
Modelo de resposta correta: Ambas
procuram achar motivos para explicar o mundo e o ser humano.
3. Qual as diferenças da linguagem mitológica
(linguagem de ação) e a linguagem filosófica (linguagem de ideias)?
A pergunta tratava da
linguagem filosófica e mitológica e não a literária:
• O discurso literário não necessariamente
precisa ser racional ou tentar explicar a realidade, por ser o discurso
filosófico, em certo sentido, plausível de verdade ou falsidade, coisa que não
se aplica a literatura
Modelo de resposta correta: A
mitologia narra coisas passadas, não se importa com contradições e o
incompreensível, e narra à origem através das rivalidades e alianças das
divindades; enquanto a filosofia busca passar a ideia de como e por que do
passado, presente e futuro, como as coisas são no todo, explica a origem das
coisas por elementos e causas naturais, e não aceita explicações
incompreensíveis, exige coerência e lógica.
4. O filósofo Ludwig Wittgenstein afirmou, na sua
obra Tractatus logico-philosophicus, que os limites da linguagem de uma pessoa
são os limites de seu mundo. Usando o que foi apresentado no texto acima e os
seus conhecimentos comente a frase do filósofo.
Aqui o filósofo trata de
linguagem em um sentido mais geral:
• Independente de qual discurso a pessoa apoie,
tanto o mitológico quanto o filosófico, devemos ser respeitosos.
Modelo de resposta correta: Nós
nos comunicamos através da linguagem, qualquer que seja. Ela faz parte do nosso
dia a dia, sem ela não existe comunicação e abre portar para o questionamento,
reflexão e entendimento. Quando sua linguagem atinge um limite, automaticamente
aquelas portas também se fecham.
Importante: um
mito não é uma mentira, ele é verdade para quem nele acredita
Dicas:
1. Certifique-se que você está respondendo o que
é proposto;
2. Redija a resposta como se a pessoa que irá
ler não entendesse nada do assunto tratado;
3. Redija a resposta de forma a pessoa
compreendê-la sem precisar ler a pergunta (ela tem que fazer sentido em si
mesma)
Tema da aula: o Estado
Habilidade trabalhada:
questionar o papel social do Estado e das leis.
• Estado: trata-se de um conjunto
organizado de diferentes instituições políticas, jurídicas, policiais,
administrativas, econômicas entre outras, regidas por um governo autônomo e
dentro de um território próprio e independente; o uso da palavra Estado se deve
a Maquiavel
Os contratualistas e o
surgimento do Estado
• Contratualismo: teoria cujo objetivo é o de
explicar a organização dos indivíduos, através de um contrato, organização essa
chamada de Estado.
Thomas Hobbes
• No estado de natureza - “Guerra de todos
contra todos”
• Criação do Estado (passagem para estado civil)
- Garantir a vida e evitar a mútua destruição
John Locke
• No estado de natureza- Não há juízes
• Criação do Estado (passagem para estado civil)
- Garantir os direitos naturais (vida, liberdade, propriedade)
Jean-Jacques Rousseau
• No estado de natureza - O homem é bom, mas a
propriedade o corrompeu
• Criação do Estado (passagem para estado civil)
- Garantir liberdades/direitos civis
Karl Marx e o Estado
“O Governo do Estado Moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda classe burguesia” (Karl Marx)
“A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes” (Karl Marx)
Atividade
Qual é a diferença das
concepções sobre a utilidade do Estado para os filósofos contratualistas e para
Karl Marx?
Tema da aula: o homem como
ser político
Habilidade trabalhada: questionar
o papel social do Estado e das leis
Max Stirner (1806-1856)
• Filósofo alemão
• Precursor do anarquismo
Anarquismo
• A palavra anarquia deriva do grego an (não) e
archos (governo).
• O Anarquismo tem como principal característica
a supressão total do Estado e a eliminação do capitalismo
O Estado e as leis
• As leis são uma assombração (formas de
controle) e nós que vivemos sob seu domínio vivemos assombrados por elas
• Todas as instituições sociais que exercem
controle do indivíduo (seja do corpo ou da mente), são vazias e artificiais
(Estado, religião etc.)
• A nossa única missão é nos realizar
pessoalmente e não o que ditam as instituições
• Somos egoístas (buscamos satisfação/realização
pessoal)
• O Estado é um controlador de egoísmos
• Devemos criar uma associação de egoístas onde
não há a submissão ao outro ou a qualquer instituição
Atividades
Sobre a teoria de Marx Stirner
responda:
1. O que é o Estado?
2. O que são as leis?
REVISÃO
Tema da aula: o homem como
ser político
Habilidade trabalhada:
Questionar o papel social do Estado e das leis
Filosofia Política
• Filosofia Política: reflete sobre o poder do
Estado, os regimes políticos e as formas de governo, as questões sobre a
participação dos cidadãos na vida pública e a liberdade política entre outras
• Aristóteles, acreditava que a política
era a “continuação” da ética, sendo a ética a reflexão sobre a conduta na vida
privada e a política a reflexão sobre a conduta na vida pública
• A cidade (pólis) constitui uma criação natural
e o ser humano é, por natureza, um animal político e social
Atividades
1. (UEL) “Toda cidade [polis], portanto, existe
naturalmente, da mesma forma que as primeiras comunidades; aquela é o estágio
final destas, pois a natureza de uma coisa é seu estágio final. (...) Estas
considerações deixam claro que a cidade é uma criação natural, e que o homem é
por natureza um animal social, e um homem que por natureza, e não por mero
acidente, não fizesse parte de cidade alguma, seria desprezível ou estaria
acima da humanidade.” (ARISTÓTELES. Política. 3. ed. Trad. De Mário da Gama
Kuri. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1997. p. 15.)
De acordo com o texto de
Aristóteles, é correto afirmar que a polis:
a. É instituída por uma convenção entre os
homens.
b. Existe por natureza e é da natureza humana
buscar a vida em sociedade.
c. Passa a existir por um ato de vontade dos
deuses, alheia à vontade humana.
d. É estabelecida pela vontade arbitrária de um
déspota.
e. É fundada na razão, que estabelece as leis que
a ordenam.
2. Leia atentamente o texto:
[...] estabelecemos que, por
natureza, o homem é um animal político. Os homens têm um desejo natural pela
vida em sociedade, até mesmo quando mão sentem dificuldade de pedir ajuda.
Todavia o interesse comum os mantém unidos, desde que o interesse de todos
contribua para a vida virtuosa de cada um. [...] (ARISTÓTELES. Política)
Você concorda com a afirmação
de Aristóteles?
Estado
• Conjunto de mecanismos que compõem o organismo
público e delimita aquilo que pertence à coletividade, que é diferente do que
pertence ao âmbito privado.
• É expresso e reconhecido como legítimo a
partir de um sentimento que une pessoas (geralmente compatriotas que convivem
no mesmo território) em torno de um sentimento patriótico comum e de uma
cultura comum, que nutrem entre si um sentimento de solidariedade e coesão.
• É fixo e, quando passa por mudanças, ou estas
devem ser consenso entre os cidadãos ou devem ser graduais e acompanhar as
demandas da sociedade.
Governo
• É transitório.
• Nas sociedades democráticas, a transição deve
ser constante.
• Nas sociedades governadas por governos
autoritários, a transitoriedade pode ser lenta.
• De qualquer modo, o governo é passível de
mudanças repentinas, pois cada governante tem seu modo de comandar a máquina
pública,
• Os governos administram os Estados, a máquina
pública, exercem o poder no âmbito estatal.
Rousseau o Estado e as
desigualdades
• Desigualdade Natural - Força física,
idade, saúde e até mesmo “qualidade do espírito”. Desnecessário preocupar-se
com a origem desta desigualdade, pois é natural, e o que vem da natureza já
está justificado.
• Desigualdade Social - Também chamada
“moral” ou “política”, depende de uma espécie de convenção que é autorizada e
consentida pela maioria dos homens (renda, status, prestígio...).
Atividades
1. De acordo com Rousseau em “Discurso sobre a
origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, quais formas de
desigualdade existem?
a. A desigualdade social e a econômica, que quase
sempre se apresentam juntas.
b. A desigualdade natural (ou física), que é dada
pela natureza; e a moral (ou política), por sua vez decorrente do
estabelecimento de convenções sociais.
c. A desigualdade social, que é decorrente das
convenções sociais estabelecidas; e a desigualdade política, que impede que
alguns grupos de indivíduos participem ativamente das instâncias de poder.
2. De acordo com Jean-Jacques Rousseau:
a. A desigualdade social entre os homens é
natural, pois ela decorre de consequência necessária das diferenças entre cada
ser humano.
b. A desigualdade é socialmente criada e
convencionada, enquanto as diferenças entre os indivíduos advêm da natureza.
c. Nem as diferenças e nem as desigualdades são
tema importante para reflexão: elas não influenciam nos rumos da vida social e
nem individual.
3. Qual a diferença entre desigualdade física e
desigualdade moral e política?
Tema da aula: a
desigualdade como desafio político
Habilidade trabalhada:
Reconhecer o caráter insatisfatório, ingênuo e mesmo ideológico de certas
explicações normalmente aceitas pelo senso comum para o problema da
desigualdade.
Platão e a justa desigualdade
• O regime político de Atenas era a democracia
direta e escravista o direito à cidadania era dada aos homens livres, nascidos
na cidade, ou seja, segundo os historiadores uma parcela de cerca de 10 % da
população local, mas segundo o filósofo ateniense não há desigualdade desde que
cada cidadão seja encaminhado (educado) para sua função de acordo com a sua
natureza.
• Segundo Platão a cidade justa é aquela
onde cada cidadão ocupa um lugar designado por sua natureza. O conceito de
justiça do filósofo é reforçado pela teoria da alma. De acordo com o pensamento
platônico a alma humana é dividida em três partes, associadas a uma parte do
corpo, e cada uma tem uma função específica:
• Parte da alma: racional
• Parte do corpo: cabeça
• Classes da cidade: magistrados e governantes
• Função: responsáveis por governar com
sabedoria
• Parte da alma: irracional/irascível
• Parte do corpo: peito
• Classes da cidade: guerreiros
• Função: responsáveis por proteger a cidade com
fortaleza
• Parte da alma: irracional/concupiscente
• Parte do corpo: baixo ventre
• Classes da cidade: artesão, agricultores e
comerciantes
• Função: responsáveis por prover as
necessidades da cidade com temperança
Atividade
1. Você considera o modelo de sociedade proposto
por Platão desigual? Justifique.
2. Em sua opinião, o Brasil é um país socialmente
desigual? Justifique sua resposta.
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