Três concepções de liberdade: determinismo, libertarismo e dialética da liberdade

CONTEÚDO PRODUZIDO PARA 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

Tema da aula: Três concepções de liberdade: determinismo, libertarismo e dialética da liberdade

Objetivo da aula: Identificar em diferentes registros/relatos entendimentos diversos sobre o ser livre

Habilidades trabalhadas:

  • Distinguir diferentes concepções sobre a ideia de liberdade (habilidade essencial)
  • Relacionar liberdade à política por meio da mediação do conceito de democracia (habilidade essencial)
  • Discutir o conceito de liberdade, destacando questões associadas e diferentes entendimentos sobre o ser livre (habilidade essencial)
  • Relacionar liberdade à solidariedade na perspectiva de uma sociedade democrática (habilidade essencial)
  • Relacionar informações, representadas de diferentes formas, e conhecimentos, disponíveis em diferentes situações, para construir argumentação consistente
  • Utilizar ferramentas digitais online e offline para executar tarefas

CONCEITUANDO

A consciência talvez seja a melhor característica que distingue o ser humano dos outros animais. Ela permite o desenvolvimento do saber e da racionalidade, que se empenha em separar falso do verdadeiro.

Além da consciência racional, lógica, o ser humano possui também a consciência moral, isto é, a faculdade de observar a própria conduta e formular juízos de valor sobre os atos passados, presentes e intensões futuras. E, depois de julgar, tem condições de escolher, entre as circunstâncias possíveis, seu próprio caminho na vida. A essa possibilidade que cada indivíduo tem de escolher seu caminho, de construir sua maneira de ser e sua história, chamamos de liberdade.  Na Filosofia há três concepções distintas sobre a liberdade: o determinismo, o libertarismo e a dialética da liberdade. Abaixo explico cada uma delas.

 

Determinismo

De acordo com essa via de interpretação, a liberdade não existe, pois o ser humano seria sempre determinado, seja por sua natureza biológica (necessidades e instintos), seja por sua natureza histórico-social (leis, normas e costumes). Em outras palavras, as ações individuais seriam causadas e determinadas por fatores naturais ou constrangimentos sociais, e a liberdade seria uma ilusão.

Essa conceção encontra-se presente no pensamento de filósofos materialistas do século XVII, trais como os franceses Claude-Adrien Helvétius e Paul-Henri Thiry, conhecido como barão d'Holbach.


Libertarismo

Para essa via de interpretação, o ser humano é sempre livre, pois ele possui a liberdade moral que está acima das determinações externas (sociedade) e internas (desejos e impulsos). Assim, apesar de todos os fatores sociais e subjetivos que atuam sobre cada um dos indivíduos, ele sempre possui uma possibilidade de escolha e pode agir livremente a partir de sua autodeterminação.

A maior expressão dessa concepção filosófica acerca da liberdade é encontrada no pensamento do filósofo Jean-Paul Sartre que afirmou que “o homem está condenado a ser livre”. Quando somos livres e fazemos escolhas tornamo-nos responsáveis pelo que praticamos, o termo responsabilidade vem do latim respondere, “responder”, e significa estar em condições de responder pelos atos praticados, isto é, de julgá-los e assumi-los.


[...] o homem, estando condenado a ser livre, carrega nos ombros o peso do mundo inteiro: é responsável pelo mundo e por si mesmo enquanto maneira de ser [...] Portanto, é insensato pensar em queixar-se, pois nada alheio determinou aquilo que sentimos, vivemos ou somos. Por outro lado, tal responsabilidade absoluta não é resignação: é simples reinvindicação lógica das consequências de nossa liberdade. O que acontece comigo, acontece por mim, e eu não poderia me deixar afetar por isso nem me revoltar nem me resignar.

SARTRE. Jean-Paul. O ser e o nada.

 

É essa responsabilidade que pode ser julgada pela consciência moral do próprio indivíduo ou do seu grupo social, assim como ocorreu com Peter Parker (Homem Aranha):


Dialética da liberdade

Segundo essa via de interpretação o ser humano é determinado e livre ao mesmo tempo. Determinismo e liberdade não se excluem, mas se complementam. Nessa perspectiva, não faz sentido pensar em uma liberdade absoluta nem em uma negação absoluta da liberdade.

A liberdade é sempre concreta, situada no interior de um conjunto de condições objetivas de vida. No entanto, embora nossa liberdade seja restrita por fatores objetivos que cercam nossa existência podemos sempre atuar no sentido de alargar as possibilidades dessa liberdade, e isso será tanto mais eficiente quanto maior for nossa consciência a respeito desses fatores.

Essa concepção é encontrada no pensador holandês Espinosa, e nos filósofos alemães Hegel e Marx.


APROFUNDAMENTO


Vídeo: Karnal: afinal, o que vem a ser o conceito de liberdade?

Sinopse: Historiador explica as diferentes concepções sobre esse conceito, muito debatido desde a antiguidade.



DICAS CULTURAIS


Música: 
 Livre estou

Compositor:  Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez


Filme: Matrix

Classificação: 12 anos

Roteiro e direção: Lilly Wachowski e Lana Wachowski

Sinopse: Um jovem programador é atormentado por estranhos pesadelos nos quais sempre está conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro. À medida que o sonho se repete, ele começa a levantar dúvidas sobre a realidade. E quando encontra os misteriosos Morpheus e Trinity, ele descobre que é vítima do Matrix, um sistema inteligente e artificial que manipula a mente das pessoas e cria a ilusão de um mundo real enquanto usa os cérebros e corpos dos indivíduos para produzir energia.

Trailer:



ATIVIDADE

1. “Reze como se tudo dependesse de Deus e haja como se tudo dependesse unicamente de você”

Na frase acima o trecho “haja como se tudo dependesse unicamente de você” reforça a teoria do:

a. (  ) Determinismo

b. (  ) Libertarismo

2. O tema da liberdade é discutido por muitos filósofos. No existencialismo francês, Jean-Paul Sartre, particularmente, compreende a liberdade enquanto escolha incondicional. Entre as afirmações abaixo, a única que está de acordo com essa concepção de liberdade humana é:

a. (  ) O homem não é mais do que aquilo que a sociedade faz com ele.

b. (  ) O homem é refém de sua natureza biológica

c. (  ) O homem é determinado por uma essência superior, que é o Deus da existência, pois, primeiramente não é nada.

d. (  )  Primeiro o homem existe, depois se define pelas escolhas que faz livremente.

3. Ações livres são as que:

a. (  ) Não podemos evitar.

b. (  ) Resultam da opção por uma alternativa entre várias possíveis.

c. (  ) Não podemos controlar.

d. (  )  São indeterminadas ou aleatórias.

4. “Se eu tivesse um computador adequado e a sequência completa do DNA, poderia calcular o organismo de um ser vivo, isto é, sua anatomia, sua fisiologia e seu comportamento.” (W. Gilbert, geneticista)

Sobre o texto acima, é correto afirmar:

a. (  ) O texto acima pressupõe que as ações humanas são determinadas pela biologia.

b. (  ) O texto acima pressupõe que o ser humano possui livre-arbítrio.

c. (  ) O texto acima pressupõe que as ações humanas são influenciadas pelo ambiente.

d. (  )  O texto acima pressupõe que as ações humanas são o resultado do ambiente e do código genético.

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