CONTEÚDO PRODUZIDO PARA 1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
Tema da aula: Como funciona o intelecto? Introdução ao
empirismo e ao criticismo
Objetivo da aula: Identificar, a partir de textos da
tradição filosófica diferenças teóricas sobre a obtenção de conhecimentos.
Habilidade trabalhada: Identificar movimentos associados
ao processo de conhecimento, compreendendo etapas da reflexão filosófica.
CONCEITUANDO
Empirismo
Empirismo é a teoria
filosófica que defende a ideia de que as experiências são capazes de gerar
ideias e conhecimentos.
De acordo com o
empirismo, as teorias das ciências devem ser formuladas e explicadas a partir
da observação do mundo e da prática de experiências científicas.
John Locke, filósofo inglês, é considerado o
principal representante do empirismo britânico.
Vamos pensar um pouco...
· Como
o rádio, a televisão e o celular captam, decodificam e reproduzem sinais?
O rádio, a televisão e o celular captam (via
satélite, por exemplo) sinais externos, por meio de antenas e cabos. O aparelho
decodifica os sinais, transformando-os em som e/ou imagens.
· Como
o intelecto, ou pensamento humano, capta os sinais do mundo?
A inteligência humana
capta os sinais do mundo não por antenas, mas sim pelos órgãos dos sentidos:
ouvidos, olhos, língua, pele e nariz. Quando sentimos o mundo, nós o captamos.
Os cheiros, os sons, os sabores, as cores e as temperaturas, tudo é
interpretado pela inteligência.
· É possível saber como o nosso pensamento
funciona, do mesmo modo que o técnico conhece o funcionamento de um aparelho de
rádio, televisão ou celular?
Sim, é possível saber
como nossa inteligência funciona e como ela aprende. Para isso existe a
reflexão, que consiste em fazer a inteligência olhar para si mesma. Ao olharmos
para nós mesmos, conseguimos perceber os componentes de nossa maneira de
pensar, pois existem várias peças (ou partes) em nós, assim como no rádio, na
televisão ou no celular. O técnico deve aprender como funciona cada uma das
peças do rádio, da televisão ou do celular para perceber onde serão necessários
os ajustes. Do mesmo modo, ao refletir, podemos aprender o funcionamento de
cada “peça” da nossa inteligência, ajustá-la, se necessário, e, assim,
desenvolver nossa inteligência.
Assim...
O rádio, a televisão ou o celular
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O entendimento ou o intelecto
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Capta o mundo pela antena ou o cabo
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Capta o mundo pelos cinco sentidos
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Analisa
e interpreta o sinal
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Analisa
e interpreta as experiências
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Depois de interpretar o sinal transforma-o em
imagem ou som
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Depois de interpretar as experiências
transforma-as em ideias
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Só
interpreta os sinais destinados a ele
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Interpreta
o que aparece aos cinco sentidos e pode experimentar outras coisas
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Não aprende nada com o que capta
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Aprende ou pode aprender com tudo o que capta
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Não
pode refletir com o que capta
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Pode
refletir com o que pode captar e, inclusive, transmitir para outras pessoas o
conhecimento
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O filósofo
•
O trabalho do filósofo é parecido com o do técnico que conserta
aparelhos de rádio, televisão ou celular.
•
O filósofo tem de conhecer as partes para poder melhorar o
funcionamento da inteligência.
•
A Filosofia pode nos auxiliar a desenvolver ideias mais claras e a
melhor sintonizá-las.
Racionalismo
O Racionalismo é uma corrente filosófica que atribui
particular confiança à razão humana, ao passo que
acredita que é dela que se obtém os conhecimentos.
René Descartes é responsável
pelo desenvolvimento do racionalismo cartesiano, segundo o qual o homem não
pode alcançar a verdade pura através de seus sentidos, mas sim por meio do intelecto.
Racionalismo
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Empirismo
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Conhecemos por meio da razão
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Conhecemos comparando os dados dos sentidos
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O mundo é racional
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O mundo é captado pelos sentidos
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O modelo de conhecimento ideal é o matemático
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O modelo de conhecimento ideal é o adquirido por meio da experiência
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As verdades fundamentais são evidências lógicas
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As verdades fundamentais são fornecidas pelos sentidos
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As ideias e verdades são inatas
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As ideias e verdades vêm da aprendizagem
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O conhecimento existe “a priori” da experiência.
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O conhecimento existe “a posteriori” da experiência.
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Kant e o criticismo
Immanuel Kant foi um filósofo prussiano, considerado como o principal filósofo da era moderna. Kant operou, na epistemologia,
uma síntese entre o racionalismo continental, e a tradição empírica inglesa.
Kant defendia que o conhecimento é resultado
da interação entre o objeto de estudo e o sujeito. Para ele, os
indivíduos possuem um conjunto de conhecimentos "a priori",
que são anteriores às experiências e conhecimentos resultantes de experiências,
chamados de "a posteriori".
Em síntese, para o filósofo o nosso conhecimnto é fruto de uma mente que tem regras próprias para receber os dados que os sentidos a fornece.
Em síntese, para o filósofo o nosso conhecimnto é fruto de uma mente que tem regras próprias para receber os dados que os sentidos a fornece.
ATIVIDADES
Leia com atenção o texto de John Locke para responder as questões:
Suponhamos, então, que a mente seja, como dissemos, uma folha em branco, vazia de elementos, sem qualquer ideia: – Como ela é preenchida? De onde vem essa vasta coleção que a imaginação aguda e ilimitada do homem nela inscreveu com uma variedade quase infinita? De onde vem todo o material para a razão e o conhecimento? A isso eu respondo, em uma palavra, da experiência. Nela está fundamentado todo nosso conhecimento; e dela, em última análise, ela própria se deriva. Nossa observação empregada seja sobre objetos externos sensíveis ou sobre operações internas de nossas mentes percebidas e refletidas por nós mesmos é o que fornece nossa compreensão com todo material de pensamento. Essas são as duas fontes de conhecimento a partir das quais derivam todas as ideias que temos, ou podemos ter, naturalmente. Primeiro, nossos sentidos, conhecedores de objetos sensíveis particulares, realmente transmitem para a mente inúmeras percepções sobre coisas, de acordo com os vários meios dentro dos quais esses objetos os afetam. E, assim, obtêm-se as ideias que temos sobre amarelo, branco, calor, frio, macio, duro, amargo, doce e todas aquelas que denominamos qualidades sensíveis; quando digo que os sentidos transmitem à mente, quero dizer que eles frio, macio, duro, amargo, doce e todas aquelas que frio, macio, duro, amargo, doce e todas aquelas que denominamos qualidades sensíveis; quando digo que os sentidos transmitem à mente, quero dizer que eles transmitem à mente, a partir de objetos externos, aquilo que produz nela tais percepções. A esta grande fonte da maioria das ideias que temos, dependentes unicamente de nossos sentidos, e da qual deriva nosso entendimento, eu denomino sensação.Segundo, a outra fonte da qual a experiência fornece entendimento com ideias é a percepção de operações de nossas próprias mentes dentro de nós, empregadas sobre as ideias que têm; operações as quais, quando a alma chega a refletir e considerar, verdadeiramente fornecem o entendimento com outro conjunto de ideias, que não poderiam existir a partir de coisas externas. E tais são percepção, pensamento, questionamento, crença, racionalidade, conhecimento, vontade e todas as diferentes formas de ação de nossas mentes. Essa fonte de ideias, todo homem traz dentro de si; e, apesar de não ser um sentido, já que não tem nada a ver com objetos externos, ela se parece muito com um e pode ser adequadamente denominada como sentido interno. Mas, como denominei o outro sensação, logo denomino este como reflexão, sendo as ideias proporcionadas por ele apenas existentes por meio da reflexão da mente em suas próprias operações dentro de si mesma.
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/gu010616.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2013. tradução Eloisa Pires.
Responda: Qual é a principal ideia do texto?
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