A Filosofia como atividade reflexiva e sua importância para o exercício da cidadania

Antonio Gransci
Foi um filósofo marxista, jornalista, crítico literário e político italiano. Escreveu sobre teoria política, sociologia, antropologia e linguística. Foi membro-fundador e secretário-geral do Partido Comunista da Itália, e deputado pelo distrito do Vêneto, sendo preso pelo regime fascista de Benito Mussolini. Gramsci é reconhecido, principalmente, pela sua teoria da hegemonia cultural que descreve como o Estado usa, nas sociedades ocidentais, as instituições culturais para conservar o poder.

Todos somos filósofos
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  • Antônio Gramsci, alertava para a necessidade de se combater o pensamento de que a Filosofia é uma atividade intelectual muito difícil e, por isso, restrita a uma minoria de inteligência supostamente privilegiada.
  •  Para ele, em um certo sentido, “todos os homens são ‘filósofos’”, pois, de algum modo, todas as pessoas, lidam, convivem, trabalham com a Filosofia e a utilizam no seu dia a dia, mesmo que não se apercebam disso.

A Filosofia está presente
  • Na linguagem - ela é um conjunto de conceitos determinados, muitos dos quais derivados da Filosofia.
  • No senso comum - conjunto de valores, crenças, opiniões, preferências, que constitui a nossa visão de mundo e que orienta nossas ações e escolhas cotidianas. Em geral é assimilado acriticamente, sem qualquer questionamento.
  • No bom senso - é o nível do senso comum onde é possível refletir, pensar de maneira crítica sobre a realidade, tomar consciência dela e agir de modo coerente com essa consciência.
  • Na religião - também na experiência religiosa nos deparamos com questões e conceitos que foram e continuam sendo objeto da reflexão e da elaboração dos filósofos (Deus, alma, morte etc.).
Portanto, podemos dizer que a Filosofia está presente em todas as dimensões da vida humana, sendo, portanto, familiar a todas as pessoas. Afinal, toda atividade humana, mesmo aquelas que são predominantemente práticas, é sempre acompanhada de um pensar, de um saber, de um trabalho intelectual, racional, reflexivo.


Lugares inusitados onde encontramos Filosofia



Qual a diferença entre o filósofo profissional e uma pessoa comum?
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O filósofo profissional  pensa, reflete, raciocina observando mais cuidadosamente as regras da lógica e os procedimentos metodológicos que utiliza; conhece a história do  pensamento, isto é, a história da Filosofia; é capaz de analisar os problemas de seu tempo à luz da contribuição dos filósofos do passado que já se debruçaram sobre eles.
Porém, a intenção de Gransci e fazer com que as pessoas percebam que todos são potencialmente capazes de avançar de um “filosofar”espontâneo, assistemático, restrito ao bom senso, para um filosofar mais elaborado e rigoroso, semelhante ao praticado pelos filósofos especialistas.

"O banquete", de Platão
No dia do nascimento de Afrodite, os deuses deram um banquete para celebrar a ocasião. Entre eles, encontrava-se Recurso. Quando o jantar terminou, Pobreza chegou para esmolar. Recurso havia se embriagado e, dirigindo-se ao jardim de Zeus, adormeceu. Pobreza, aproveitando-se da situação, deitou-se ao seu lado e concebeu o Amor.
Assim, por ser filho de Pobreza e Recurso, ele é, por parte de mãe, sempre pobre e carente; por parte de pai, é um poderoso caçador, sempre tecendo intrigas, ávido de sabedoria, fértil em recursos, um filósofo de todos os tempos.

O filósofo na perspectiva socrático-platônica
  • O Amor está no meio entre a sabedoria e a ignorância. A sabedoria é a condição daquele que já possui o saber e, por isso, não sente necessidade de buscá-lo. É o caso dos deuses. Por isso os deuses não filosofam. Os ignorantes, por sua vez, embora nada saibam, julgam saber o suficiente e, por isso, não anseiam por saber mais. Logo, também não filosofam.
  • Filosofa aqueles que estão entre esses dois extremos: a sabedoria e a ignorância. Mas o saber que o filósofo almeja não é de um tipo qualquer. Não é, por exemplo, aquele do senso comum que se expressa apenas como opinião (doxa). O saber buscado pelo filósofo é sophia, isto é, um saber bem fundamentado, amparado em demonstrações racionais consistentes e passível de ser considerado verdadeiro, independentemente das opiniões particulares.
  • O mesmo tipo de saber buscado por Sócrates por meio de seu método dialético. Não fosse assim, o termo philosopho (amante do saber) deveria ser substituído por philodoxo (amante da opinião).

A filosofia como reflexão
A forma pela qual a Filosofia realiza a busca da verdade é por meio da reflexão. Mas o que é refletir?
  • Pensamento - ato corriqueiro, singelo, espontâneo, que realizamos descompromissadamente a todo instante, até mesmo sem perceber.
  • Reflexão – atitude mais consciente, mais comprometida, que implica pensar mais profundamente sobre um determinado assunto, repensá-lo, problematizá-lo, submetendo-o à dúvida, à crítica, à análise, buscando seu verdadeiro significado.
Assim:
  • Nem todo pensamento é reflexivo;
  • Nem toda reflexão é filosófica.


A  reflexão filosófica (Saviani)
  • Radical - analisa com profundidade o problema em questão;
  • Rigorosa - procede com coerência, de forma sistemática, segundo um método;
  • De conjunto - Levar em consideração os diversos fatores que, em um dado contexto, determinam o objeto de pesquisa e o condicionam.


                     ATIVIDADES

1.       Em que consiste a diferença entre o philosopho e o philodoxo?
2.       Qual desses adjetivos se aplica melhor a você? Justifique.
3.       Quem pode filosofar?
4.       É importante estudar Filosofia na escola?
5.       Para que serve, afinal, a Filosofia? Qual é sua utilidade?
6.       O que entendemos por útil?
7.       Comente o significado das seguintes citações:
“Os verdadeiros filósofos são ‘amadores do espetáculo da verdade’.” 
PLATÃO. A República. Tradução Anna Lia Amaral de Almeira Prado. São Paulo: Martins Fontes, 1987. p. 256 [475e].
“Mas àquele que deseja prontamente provar de todas as ciências e se atira ao estudo com prazer e sem se saciar, a esse chamaremos com justiça filósofo[...].”
PLATÃO. A República. Tradução Anna Lia Amaral de Almeida Prado. São Paulo: Martins Fontes, 1987. p. 255 [475d]. 

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